
Abortamento de repetição
O abortamento é um problema de saúde pública e está associado à morbidade materna e grande sofrimento psicológico. É primeiramente definido quando ocorre antes das 20-22 semanas de gestação ou se peso fetal inferior a 500g. É uma complicação comum ao longo da vida da mulher ocorrendo em 15% a 20% de todas as gestações, com sua incidência aumentando dramaticamente com a idade materna.
Estima-se que 5% das mulheres terão duas perdas, e cerca de 1% terá três ou mais perdas gestacionais, caracterizando a perda gestacional recorrente (PGR), termo mais aceito internacionalmente.
Após a ocorrência de duas perdas um especialista em reprodução humana deve ser procurado para investigar a causa e definir o melhor tratamento, tendo em vista as repercussões emocionais e o aumento da recorrência após duas perdas. A maioria dos abortos ocorre antes das 10 semanas de gestação.
Esse diagnóstico torna-se um temor na vida dos casais, traz grande ansiedade, e é causa de impacto emocional significativo nas pacientes e seus parceiros. Portanto, é muito importante o estabelecimento de um plano terapêutico, abordagem multiprofissional e apoio médico e psicológico, caso contrário, o casal pode desistir de novas tentativas por medo de mais perdas.
Diversas alterações podem acarretar em abortos de repetição, porém, é importante ressaltar que mesmo após a realização de variados exames, cerca de 50% dos casos não possuem causas definidas.
Saiba mais:
As principais causam são:
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Genéticas: grande parte dos abortos é decorrente de alguma anomalia genética no embrião, pois eles devem possuir 46 cromossomos que permitem seu desenvolvimento normal. Muitas gestações acabam em abortamento, pois os embriões têm cromossomos a mais ou a menos (trissomias ou monossomias). Além disso, o impacto da idade materna é grande, pois o risco de aborto causado por alteração genética é extremamente maior em mulheres acima de 40 anos.
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Anatômicas: algumas alterações da anatomia do útero como malformações adquiridas ou congênitas, podem distorcer a cavidade uterina, causando um aborto. Quanto aos miomas, eles podem interferir e causar abortamento somente se forem maiores que 4 cm ou se estiverem modificando a cavidade endometrial.
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Trombofilias: é um grupo de doenças onde existe um desequilíbrio entre a coagulação e a fibrinólise, ampliando o risco de trombose. Diversas mutações, podem causar o desenvolvimento de pequenos trombos nos vasos da placenta, causando assim o abortamento.
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Endócrinas e infecciosas: as doenças, diabetes mellitus e distúrbios da tireoide (hipo e hipertireoidismo) podem ser causadores do aborto quando estão descontroladas. Algumas bactérias também podem estar relacionadas.
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Alogênicas: se refere à reação imunológica contra algo que o nosso organismo não reconhece como sendo nosso. A formação do embrião se dá através da fecundação de um óvulo por um espermatozoide, dessa forma, metade dos genes é do parceiro. Portanto, para ocorrer uma gestação normal e saudável, o organismo da mãe não pode produzir anticorpos contra aquele embrião. Porém, quando essa tolerância não acontece, diversos processos podem ser causadores do aborto.
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Hábitos e estilo de vida: tabagismo e uso de drogas aumentam muito o risco de aborto, assim como o consumo excessivo de álcool. As mulheres que se encontram acima do peso ideal também têm maiores chances de abortarem e terem complicações durante a gravidez e o parto.